As dores da velhice

11 05 2011
“Oh, meu Deus!” gritava ela ao lutar contra o próprio corpo. Ela precisava respirar, mas já não tem mais o pulmão, por consequências de uma vida à base do vicio do tabaco. Ela apertava as minhas mãos como quem tenta tirar de algum lugar a força para continuar viva.
 “Calma!” dizia eu. Embora eu saiba que isto eu não podia pedir. Era demais ter paciência quando se sabe que a qualquer momento pode vir uma nova crise.
O pior são essas sequências de dores e ataques que sempre que vem ela imagina que vai perder o mesmo chão que perdera quando três de seus cinco filhos se foram.
Ela olhava piedosamente em minha direção. Eu passava as mãos sob sua cabeça e pedia misericórdia para ela, para mim.
Ela continua junto conosco, embora tenha muitas limitações. Anda com apoio de muletas, respira com ajuda de nebulizador, não enxerga de direito e uma vez ou outra tem crises e diz que não tem mais alegrias.
Ver minha bisavó implorando pelo ar para continuar em vida quando já se acabou a grande parte da alegria de viver, me deixou com medo.
 Medo das dores trazidas pela velhice. Medo do sofrimento ocasionado pela vida. Eu que sorrio tanto, brinco e me divirto com pouca coisa, tenho medo de um dia eu perca a graça de viver…

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