A barata que sorria

23 09 2011
Eu nunca entendi bem porque minha mãe e grande parte das mulheres fazem escândalo por causa de um misero e nojento inseto. Meu Deus, que mal (além de saúde) ele pode fazer na vida de alguém? Pensei até que era a maneira de jogar um charminho pros homens acharem que eles são o máximo. Mas, não. Na verdade, acho que é até o contrário, o povo faz é correr. Ainda mais minha mãe. Acho que nem quando deu a luz a uma linda menina (leia-se eu: “Simonny”) ela gritou tanto (de alegria, claro).

Falar do filme Joe e as baratas é proibido, ver então é quase um crime. Cantar aquela musiquinha: olha a barata, pega o chinelo e mata… É praticamente pedir pra morrer ou matar alguém do coração.

Matar baratas nunca foi meu hobby, mas teve uma época que era um esporte praticado diariamente. Tanto que em dias que a preguiça o cansaço batia, elas passavam e eu parada estava, assim ficava. Às vezes, a carência por estar só era tanta que eu até conversava com elas. Falava da vida, da dificuldade que elas tinham em morar no esgoto e comer porcarias. Tentava ser simpática e tal. Mas tinha uma em especial que abusava da bondade alheia e testava o limite da pacificação humana.

Durante dois dias ela passava tirando sarro da minha cara. Eu tenho certeza que ela sorria e balançava a bunda tipo o siri da Brahma que fazia nã nã nã…. Aquilo já estava passando dos limites. Baratas não é o bicho legal, é nojento, imundo. E eu não fazia questão em tê-las como visitantes e muito menos como amigas. Mas aquela barata que sorria me tirava do sério tanto quanto as outras. Um dia, de madrugada eu estava decidida a exterminá-la. Posicionei-me estrategicamente a sua frente, ela correu por baixo das minhas pernas e sorriu, mais uma vez. Por horas corri atrás dela. Até que eu fui à última a sorrir e provei que é bem melhor rir por último.

Isso me fez sentir um gostinho de vitória. Mas, pra quem mata um leão a cada dia, baratas são apenas bichos insignificantes, que sorriem. 




Sonho de menino…

4 08 2011
É apenas um garoto com a bola na mão. Ser jogador de futebol é o que o move, que o faz acreditar que dias melhores virão. Afinal, sua vida não teria um futuro promissor, se não fosse pelo seu grande talento.

Desde cedo, sua história é construída em base inconsistente. Seu pai foi embora de casa pouco tempo depois de seu nascimento. Sua mãe nunca foi exemplo. As surras e os gritos eram suas formas de educar, a falta de condições financeiras fazia que ela procurasse casa em regiões periféricas da cidade, onde a lei é dura.

Ver as pessoas se drogando na sua porta era normal. Conhecer as vítimas e os bandidos envolvidos em brigas não o espantava. Aos poucos, foi ficando diferente, sua vida passou a ter a cor da bandidagem. Furou a orelha, pintou o cabelo de vermelho, usava bonés de aba reta, palavrões fazia parte de seu vocabulário. Levou o primeiro ‘baculejo’ e comentou com sua mãe sua experiência.

De fato ele havia mudado, mas seu sonho ainda era o mesmo. Com a bola nos pés os problemas são esquecidos. Os belos dribles enchem o seu ego. Os gols espetaculares são aplaudidos em pé pelos poucos torcedores ao redor do campo improvisado na periferia. Lá é o espaço para seus sonhos. A esperança vem, mas logo se esvai. Ele se lembra das suas raízes, da falta de condições financeiras. Logo ele chega em casa, onde a realidade é bem mais dura e cruel.

No seu mundinho cheio de problemas, parece que os sonhos não tem espaço. Mesmo assim, ele espera que um dia, a camisa de algum time tenha seu nome. 




Dia do amigo

20 07 2011

 Não sei se os chamo de amigos ou de anjos! Amo vocês…

Já faz algum tempo que nos conhecemos, e, ainda hoje, continuo tendo por vocês a mesma amizade de outrora. Em diversas situações, recebi o carinho, o sorriso sincero, o abraço aconchegante, brigamos, nos desculpamos, e essa foi a maior prova de amizade. Nos ajudamos na prova e na vida.
E assim o foi por muitas estações, em diversos momentos. Claro, houve momentos de tristeza, confusão, dúvida, e, quando existia vocês diziam: “Qualquer coisa, tô por aqui”, essas palavras não precisavam ser pronunciadas porque já era sabido, mas você s faziam questão de falar e eu precisava escutar, mesmo que soubesse, isso me deixava mais tranquila.
Hoje muitas coisas estão diferentes. Não nos vimos constantemente, mas, isso não significa que a amizade ficou apenas na lembrança, pelo contrário, hoje ela está tão firme quanto antes. 




Menina, Mulher

13 07 2011
Hoje, ao olhar o blog  “Oxi que onda”, do Rogério Campos do blog me deparei com um texto magnifico. Escrito de maneira simples, deixando o texto aindamais marcante, forte. Não consigo expressar meus sinceros agradecimentos, mas gostaria que o autor soubesse o quanto fiquei feliz com a postagem e que torço muito por ele. Confiram o que estou falando: 
 
Como ficastes tão linda, aquela linda menina que corria na rua brincando de betes, que cativava a todos com seu jeitinho, hoje é uma mulher que brinca de escrever, que me fascina com tão facilidade de expressar aquilo que te comove e encanta, que descreve os amigos e os desconhecidos com tanta propriedade que parece que já entendemos e os conhecemos há tempos e tempos, como ela consegue não sei, como ela faz para entender, escrever, trabalhar e estudar e ainda assim manter aquele sorriso lindo e cativante não sei. Não te conheci menina, mas te conheci mulher, linda decidida que corre atrás dos seus ideais, infelizmente eu não fiz parte do seu passado, mas estou no seu presente e verei as glorias que você conquistará no futuro, pois o que Deus abençoa ninguém jamais amaldiçoa. A você menina mulher que um dia chorou ao cair correndo na rua, que hoje corre atrás de ônibus, sabe e sente que as pedras as quedas e as dores de hoje são mais fortes que antes, mas mesmo assim se levanta corre atrás e faz acontecer. A você Simonny achegue, que o futuro seja futuro, o presente seja esse presente que é ter você em nossas vidas.

Rogério Campos…




Ela o amou. Ele a magoou

7 07 2011

Com os olhos cheios de lágrimas e o coração cheio de dor eles se despedem. Agora sim, era o fim. Ele não aguentou as tentações carnais, ela o perdoou. Ele novamente errou, ela o entendeu. Ele de novo a traiu, ela chorou, mas agora era o fim. A partir daquele momento era o inicio de uma longa fase dolorida.
A dor da ausência de quem está fisicamente longe aperta o coração e faz doer. Os olhos não suportam o aperto no peito. Ela chora… Como seguir sem alguém que sempre estivera ao lado? Ela havia aprendido muito coisa com ele, mas por estar sempre juntos, ela ainda não conseguia conjugar o verbo na primeira pessoa do singular.
Ele ainda a amava. Ela tinha essa certeza. Mas já havia pensado com o coração, agora era a hora de dar voz a razão, esquecer o sentimento puro que estava dentro dela.  Era necessário ignorar a existência de quem a fizera sofrer. No entanto, o cérebro conseguia comandar o corpo, mas não era capaz de comandar o coração.
As lembranças insistiam em aparecer. O coração, cansado de sofrer, implorava pra esquecer. “Tudo era uma questão de tempo”, essas são as palavras que todo mundo usa como remédio pra coração partido.  Contudo, enquanto as horas andam vagarosamente, ela chora e tenta entender, porque ele a deixara com o peito cheio de dor, o coração cheio de amor, em busca do nada, sendo que ela o oferecia o tudo.  




Pra sempre enamorados!

13 06 2011
A sua xícara continua sendo posta sob a mesa. Mas agora no seu lugar estão só as lembranças e junto com a dor sua enamorada toma o chá da tarde.  O estado da primeira carta escrita em Barreiras mostra os sinais do tempo, mostra os sinais do amor. Foi por meio dela que veio o pedido de casamento. O inicio de duas vidas que viveria um sonho ao qual o amor reinaria por toda vida.

Com a velhice veio às dores, as doenças. A mente ficou fraca, ela se esquecia do nome de quase todos, da onde deixava os objetos e das perguntas que acabara de fazer. “Você esquece tudo, só não se esquece de mim”. Dizia ele sorrindo, mas com a convicção de quem sabia o que estava falando.

Sentada sob o sofá ao olhar o horizonte, ela recorda dos momentos juntos e da felicidade que viveram. Era só o que restava… Isso a confortava neste momento em que a dor da morte se fazia bem presente. “Oh, meu Deus, que falta me faz o meu velhinho!” dizia ela com os olhos embargados, com o coração doído, ferido, dilacerado.

Ele se foi após um câncer. Deus o levou, mas o amor o eternizou.

Na parede está o retrato das bodas de ouro, resultado de toda uma vida juntos. Agora, será difícil conviver apenas com a saudade, com a presença ausente de alguém que sempre estivera ali. Logo ele, que sempre esteve por perto, que viveu ao seu lado os melhores momentos da sua vida. Mas, a morte não é forte suficiente pra apagar uma história, ela apenas serviu para que mais uma vez na vida, sua enamorada o esperasse com o coração cheio de amor, com o coração cheio de dor com medo da demora de uma longa espera.
Texto verídico baseado na história dos eternos namorados Álvaro e Hilde. 




Ela não vai desistir…

27 05 2011
Desafeiçoado. Escondido pelo escuro da noite e em paz pela ilusão da droga.
A primeira pedra ele usou quando era adolescente. Sem motivo embarcou nesta viagem rumo a uma vida infernal. Junto com ele, está sua mãe e alguns familiares, outros, inclusive um de seus irmãos desistiu de ajudar, parece que o amor fraternal não suportou os problemas, as dores.
Aos prantos, sua mãe lamenta e recusa a desistir do seu filho amado, afinal, é seu menino. Apegada a Deus, todo momento ela clama por socorro, ela chora, grita, implora. Seus olhos fundos de tanto chorar, fitam todos que passam a frente de sua casa, ver a polícia, os malandros e os acertos de conta em sua porta virou uma rotina ruim. Ela tem medo… Se o telefone toca pode ser a polícia, pode ser um aviso de morte.
“Deus vai dar um jeito, e se a morte for à vontade d’Ele, eu aceito” diz ela. Não me espanto. Quando acusado de roubo, seu menino foi se esconder em sua casa, querendo proteção nos seus braços. Ela não aceitou, ligou para polícia e mandou ir busca-lo. Despediu-se dele com coração doendo, arrancado um pedaço, quase um todo. Ela chorou… “Deus, abençoa meu filho” clamava desesperadamente até ir vê-lo no dia seguinte.
Ir preso não era mais novidade, bem como suas promessas de mudanças que ficavam só na oratória. Dizem que ele não tem conserto, mas, ela é mãe e não vai desistir. “Eu amo… É meu menino” e todas as vezes que ele precisar, sua mãe vai estar por perto amando incondicionalmente e dizendo “eu acredito na sua mudança” mesmo que todas as pessoas duvidem. 




Como entender as mulheres

16 05 2011
Entrei no blog Testosterona, encontrei essa imagem e mostrei para o Dani, minha duplinha.
“Isso é só o resumo, Simonny?”. Comentou ele. Então… Achei legal a imagem e o comentário, por isso resolvi compartilhar. Apesar de eu pensar que nós, mulheres, somos muito simples. O problema é que os homens ficam focados em entender algo que está explícito no olhar.




As dores da velhice

11 05 2011
“Oh, meu Deus!” gritava ela ao lutar contra o próprio corpo. Ela precisava respirar, mas já não tem mais o pulmão, por consequências de uma vida à base do vicio do tabaco. Ela apertava as minhas mãos como quem tenta tirar de algum lugar a força para continuar viva.
 “Calma!” dizia eu. Embora eu saiba que isto eu não podia pedir. Era demais ter paciência quando se sabe que a qualquer momento pode vir uma nova crise.
O pior são essas sequências de dores e ataques que sempre que vem ela imagina que vai perder o mesmo chão que perdera quando três de seus cinco filhos se foram.
Ela olhava piedosamente em minha direção. Eu passava as mãos sob sua cabeça e pedia misericórdia para ela, para mim.
Ela continua junto conosco, embora tenha muitas limitações. Anda com apoio de muletas, respira com ajuda de nebulizador, não enxerga de direito e uma vez ou outra tem crises e diz que não tem mais alegrias.
Ver minha bisavó implorando pelo ar para continuar em vida quando já se acabou a grande parte da alegria de viver, me deixou com medo.
 Medo das dores trazidas pela velhice. Medo do sofrimento ocasionado pela vida. Eu que sorrio tanto, brinco e me divirto com pouca coisa, tenho medo de um dia eu perca a graça de viver…




Cadê a luz?

30 04 2011

Estava escuro enquanto eu andava. Mas eu não estava com medo, a música que embalava meus passos me acalmava. Acendeu a luz do poste. Apressei os passos e cheguei em casa. Finalmente eu estava em segurança.

Deitei e só agora eu tinha noção que era perigoso. Lembrei que duas mulheres foram assaltadas no último final de semana enquanto faziam o mesmo percurso. Mas, esquece! Para que ficar lembrando se eu estou bem? Aliás… Estou muito cansada, confesso. E, apesar de já está em casa, tenho a mesma sensação de continuar andando no escuro e agora sim, tenho medo.

Chorei. Desejei ter alguém para me abraçar. Não tinha! Lembrei da casa dos meus pais, que até dia desses era minha, lá é sempre tão cheio. E na minha cidade, possuo muitos amigos. Ao contrário do lugar que estou. Tenho amigos, mas não muito próximos, apesar de já ter um ano que estou aqui.

Está escuro enquanto eu ando. E ainda tenho medo, a música que embala os meus passos me faz chorar. Porque não acende a luz do poste, só para eu saber a que ponto estou? Apressei os passos, o tempo passa, mas não sei bem onde vou chegar. Afinal, a vida é imprevisível. Mas ainda assim, tenho a sensação de estar em segurança.

Ainda bem que tenho pessoas boas para me dar à mão e acender uma lanterna. Agora sim… Posso ver que estou perto de chegar onde eu sempre quis estar.